Este estudo propõe uma reflexão sobre os usos e as perspectivas da vigilância em saúde hospitalar a partir do relato de uma experiência pioneira em epidemiologia hospitalar, o Serviço de Epidemiologia/HFSE, que serviu de base para a criação dos núcleos de vigilância epidemiológica (VE) dos hospitais municipais e estaduais do Rio de Janeiro. O serviço integra ações de VE, educação continuada, capacitação, treinamento em serviço, pesquisa e avaliação de serviços desde 1986. Participa ativamente da rede nacional de VE, tendo notificado 55.747 casos de 1986 a 2016, a maioria por busca ativa. A integração dos vários níveis da vigilância e assistência agiliza as atividades clássicas de controle das doenças de notificação compulsória e fornece instrumentos de avaliação da qualidade. O importante papel na capacitação e formação de recursos humanos é evidenciado através do treinamento de 1.835 internos de medicina e 78 residentes até 2016; e pelo fato de que esta experiência tem servido de base para a implantação de diversos outros núcleos hospitalares. Entre os desafios que se impõem atualmente está a articulação com as demais comissões que compõem o Núcleo de Vigilância Hospitalar e o Núcleo de Segurança do Paciente.
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O delineamento foi observacional, retrospectivo, com análise de bases de dados secundários da vigilância epidemiológica no HFSE a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e coleta complementar de dados dos prontuários clínicos, realizada pela equipe do serviço de epidemiologia, durante o processo de investigação epidemiológica dos casos. Analisaram-se variáveis demográficas, epidemiológicas, clínicas e laboratoriais em banco de dados construído em planilha eletrônica, exportado a partir do Sinan e complementado pela digitação de variáveis adicionais às existentes na ficha de investigação de febre amarela2,12, correspondentes a sinais, sintomas e exames laboratoriais (detalhadas nas Tabela 1 e Tabela 2).
Nesse contexto, este estudo apresentou a experiência de um hospital que contribuiu de forma expressiva para a assistência aos casos graves de febre amarela do estado. A gravidade da série está representada pelo elevado percentual de icterícia (86,5%), alterações de excreção renal (53,8%) e hemorragias (50,0%), além das elevadas medianas de transaminases séricas observadas. A atenção a esses casos implicou em uma estrutura de complexidade alta, adaptada para responder a uma situação emergencial, que representou um grande desafio para a equipe de saúde. O maior conhecimento do perfil desses casos, sobretudo dos fatores associados à maior chance de óbito, pode colaborar para a discussão do papel de intervenções terapêuticas como a troca plasmática de alta volume. As limitações deste estudo se relacionam principalmente à qualidade da informação oriunda da vigilância epidemiológica, o que foi minimizado pela revisão da investigação e complementação de dados com os prontuários durante o processo de investigação epidemiológica e encerramento dos casos, que faz parte da rotina do serviço de epidemiologia9. O percentual de informações ignoradas foi inferior a 5% para a maioria das variáveis analisadas, à exceção da escolaridade (15,0%) e ureia máxima (7,7%), e muito menores do que em outros estudos15. 2ff7e9595c
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